Do latim arrogantia, orgulho manifesto por atitudes altivas e desdenhosas; soberba, insolência, atrevimento. É o que nos transmitem os dicionários da língua portuguesa.
Mais do que a definição, interessa-nos o perfil do pensamento, que está na mente da maioria dos seres humanos.
O que é a pessoa soberba? A sabida? A humilhar e sutilmente e se arrogar a uma posição fictícia com o indisfarçável intuito de diminuir os outros? Que se acha esperta e todo o mundo não sabe nada?
A pessoa extremamente arrogante põe a descoberto um defeito ou deficiência psicológica que, em menor ou maior grau, todos temos: a soberba, oposta à humildade, a insensibilizar as pessoas, fazendo o chefe pisar no subordinado, o inferior se revoltar contra aqueles que estão hierarquicamente acima dele, mas, quando ascende a cargos superiores, se torna mais cruel do que foram com ele. Não é difícil identificar nas outras pessoas este defeito, e sim reconhecê-lo em si, porque fomos educados para olhar o que nos cerca, sem perceber o que ocorre em nosso mundo interior, na nossa alma; é fácil criticar os outros, mas difícil realizar a autocrítica.
A soberba é irmã siamesa da vingança, da desconformidade. O fato é que ela existe na maior parte das pessoas. É um pensamento a ser identificado e combatido, para o nosso bem e felicidade.
Como muito bem apontou González Pecotche no livro Deficiências e Propensões do Ser Humano, “a soberba não tem lugar nas almas grandes nem nos espíritos fortes e bem equilibrados. O soberbo é violento, e sua palavra, lacerante. Agrada-lhe humilhar e depreciar. E, além do mais, ambicioso; aspira ao trono material e não vacila se, para ascender a ele, deve valer de meios pouco dignos e em detrimento do próximo”.
O soberbo é ingrato, incapaz de reconhecer a atenção e ajuda que outros despenderam a ele. A ingratidão é um dos grandes males dos quais os seres humanos padecem e causadora da depressão e vazio.
Oposta à soberba é a humildade, virtude que tem a ver com a simplicidade e a naturalidade e não deve ser confundida com a falsa, tão comum nos impostores fantasiados de bondosos, generosos e mansos, os que escondem em seu íntimo a pretensiosa ambição de subjugar as mentes e vontades das pessoas tristemente qualificadas de boa-fé.
A soberba, como tantos outros defeitos humanos, afasta o homem de seu semelhante, da alegria, da felicidade.
Ocupar-se de si, identificando os próprios defeitos com o objetivo de combatê-los, faz parte de uma educação de exceção, que escola alguma é capaz de ensinar.