A Pintura de um Pensamento

A Pintura de um Pensamento

“Se eu fosse pintor, gostaria de pintar esse último plano, este último recesso de paisagem. Mas houve jamais algum pintor que pudesse fixar esse móvel oceano, inquieto, incerto, constantemente variável que é o pensamento humano? ”

Com estas palavras, Cecília Meireles conclui a crônica escrita em 1962.

A fotografia daquele momento principia com trepadeiras entrelaçadas, pequenos jasmins, borboletas, um quintal de casa abandonada, uma delicada mangueira, muros brancos, pardais, um bairro….

Ela descreve com palavras o que pintaria. E depois se questiona sobre os acontecimentos por detrás das paredes das casas do bairro, criaturas falando, discutindo, se entendendo, desentendendo, amando, odiando, questionando. Quem poderia pintar o pensamento humano?

Antes de qualquer atitude há uma intenção, algo que move à ação. As pessoas são definidas por suas intenções, as quais podemos chamar de pensamentos umas vezes, sentimentos outras; algo dentro da mente ou do coração as move. Essas intenções podem ser produtos próprios ou de outras pessoas. Quando vêm do coração, do sentimento, é sempre pessoal, íntimo.

Ninguém sente com o amor do outro.

Se comprar algo impulsivamente, movido pela mídia ou influência de um amigo, ali atuou um pensamento alheio. Posso comprar por minha necessidade ou determinação. O consumismo é uma compulsão, algo a incitar para adquirir o que não precisamos; ele é ruim, estraga a Natureza e as relações, um desperdício de energia, recursos que poderiam ser utilizados para ajudar outras pessoas.

Por detrás das atitudes e palavras estão os pensamentos, próprios ou alheios, bons ou maus. Conhecê-los, classificá-los e afastar-se dos inconvenientes, é uma tarefa que ninguém poderá fazer por nós.

A cultura midiática nos bombardeia com informações de toda a ordem. Desenvolver uma capacidade seletiva da inteligência é algo que as escolas não ensinam, como a boa convivência. Resguardar-se desse ataque é conveniente, para não sermos meros espectadores de acontecimentos, esquecendo-nos da vida a viver, como atores que devem conduzi-la.

Escolas de Adiantamento Mental mobilizam pessoas em várias partes do mundo para despertar à realidade dos pensamentos – entidades psicológicas vivas –, que tanto podem propender ao bem quanto ao mal. Conhecê-los e submetê-los à vontade faz parte de uma cultura de exceção que, no futuro, será de domínio da sociedade.

Tudo o que o homem diz e faz desenha-se antes em sua mente na forma de pensamentos, vindos de outras mentes ou gerados nela. O conteúdo da vida depende da sua qualidade e da capacidade de criar os próprios.

Para pintar um pensamento, seria necessário conhecê-lo.