Procurei Drummond na prateleira
E não o encontrei. Morreu ontem?
Anteontem?
Os jornais dizem que foi
Sem cruzes e nem igrejas. Acho que o deixei
Em Campinas, com Baudelaire,
Na estante que não tenho.
Procurei Drummond na memória
E o encontrei na aula de português;
Num José que levou consigo o seu segredo
(Degredo voluntário e inesperado)
E passou a habitar o Olimpo
Das prateleiras misteriosas e sedentas
De verdade.
Encontrei uma poesia no caminho.
Era um caminho, era um caminho
A poesia que eu encontrei.
No caminho havia uma poesia.
Quem parou para olhar
Admirou a poesia que eu encontrei.