Poesia na Pandemia

Poesia na Pandemia

 

1

Marca-me o dia

A Poesia,

Fotografia,

Página de um livro

Recitado alto,

Cujo título

É Alegria.

 

2

Filho,

Pequeno filho,

Meu primeiro,

O alemão.

Quanta alegria,

Nesta tua companhia

Rodamos o mundo e a vida,

Desde a Escócia

À Amsterdã,

Londres, York,

Roma,

E nossa terra querida,

Líbano inesquecível,

De Kadisha,

O Éden,

Nossa terra e de Gibran.

Guarda esta minha pulseira,

Prata de nossa amizade.

Filho, querido filho,

Estaremos sempre juntos.

 

3

Que nossos silêncios falem mais alto

Que a verborragia,

E ali, 

Nesta ensurdecedora

Quietude,

Construamos um novo futuro,

Que falará,

Mansamente,

Por nós.

 

4

Fiz tantos prédios,

Casas,

Cidades,

Construções,

Mas a Obra da qual mais me orgulho

É minha própria reconstrução,

Para deixar de ser o que sou,

E chegar a ser 

O que não sou:

Uma pessoa melhor.

Mais humana,

Sensata,

Em evolução.

Grato a Deus e a meu

Professor,

Pecotche,

O Instrutor.

 

5

O Sol e a Lua se contemplam

Num mágico entardecer.

Duas faces de Deus

A me fazer entender

O que sou

O que serei.

Só tenho de agradecer.

 

A angústia do isolamento,

A ausência

E o silêncio

Compõem

O instante difícil,

Hiato indecifrado,

Entre o passado

E o futuro.

 

Não há impermanência na vida.

 

Por mais duro que seja o momento,

Nela tudo é permanente,

Como a esperança,

Sentimento superior,

Abrigada na Consciência,

Do existir a sua essência.

 

Atravessada a tormenta,

A alma alegre e desperta

Ressurgirá sedenta

Liberta,

A sobreviver,

Continuar a sonhar,

Neste novo ser,

Que superou a dor,

E continuou,

Caminhou.