Barra do Sahy

Barra do Sahy

 
As crianças se foram.
O apartamento ficou silencioso
E grande.
Sobraram  muitas recordações.
 
No quarto ao fundo,
A rede  me lembra a vovó brasileira,
Cotinha. Lá me espicho todo,
E recordo os ancestrais
Indígenas.
 
Poder ser português,
Libanês e brasileiro,
Pode ser privilégio.
 
Me sinto bem assim.
 
E nesta rede me rendo
A muitas recordações.
 
Lembra-me a Barra,
Sonho ancestral,
De onde me desprendi:
A fogueira, a aldeia 
Em noite de luar,
O mar batendo forte,
E a taba alterada, se divertindo
E preocupando,
Em torno do calor da fogueira,
Companheiro.
 
O inimigo rondava,
A vida continuava, 
Para desaguar num futuro sem-fim,
Noutros mundos
E mares,
Onde aprenderíamos a ser livres,
A não crer, a saber,
Se libertar das mentiras,
Amarras seculares,
Da impostura que costura e imobiliza
A inteligência,
Adormece a consciência.
 
A Barra do Sahy
Nos deixou aqui,
Perplexos, saudosos,
Emocionados.
 
Haveremos de voltar,
E nos reencontrar.