As pessoas unem-se por motivos louváveis e separam-se num processo que passa pela reserva mútua e culmina com distanciamentos irreparáveis.
O ser humano traz dentro de si a necessidade de comunicar-se com os outros, conviver, mas também o gérmen da discórdia, a ânsia de sobrepor-se, a intolerância com os critérios alheios. E quanto haveríamos de aprender com aqueles que são nossos opositores, inimigos entre aspas. “Quem não quer ter inimigos, melhor seria que nem tivesse nascido”, li certa vez num escrito antigo, “pois os inimigos provam a têmpera de nosso espírito”.
Os grandes ditadores não admitem oposição, eliminam o inimigo. E podemos eliminar as pessoas de formas sutis, esquecendo-nos delas, passando uma borracha na lembrança que possamos ter de sua existência, mas não resolvemos o nosso problema; outros inimigos aparecerão como as formigas que surgem do nada em nossos quintais, pois nossos maiores inimigos estão em nossas mentes, na forma de pensamentos, que nos fazem errar e sofrer.
A crueldade ao julgar as pessoas através de critérios alheios é a mesma com a qual seremos julgados; e assim prosseguiremos neste mar de incompreensões e desentendimentos, até que atinemos que o engano e o mal estão em nossas mentes, e ali deverão ser combatidos os inimigos invisíveis, para que as relações humanas deixem de ser o palco de tantas discórdias e distanciamentos.
A existência dos pensamentos como entidades psicológicas, agentes da inteligência e promotores da felicidade ou da desdita do ser humano, é a prova cabal de um outro mundo, o mental, invisível e desconhecido pelo ser humano.
O império dos pensamentos poderá ser substituído pelo da inteligência, através da reversão desta condição humilhante em que a maioria da humanidade se encontra, escravizada por pensamentos que perambulam pelo mundo.