Meus 21 Anos

Meus 21 Anos


Há meio século,
Meus 21 anos,
1969.
Tempos bicudos
E confusos.
Queríamos mudar tudo,
E não mudamos nada,
Por não termos entendido
Que deveríamos ser a mudança
Que pretendíamos ver
No mundo.
Roupas, músicas, costumes,
Barbas, longos cabelos,
Revolta,
Revolução.
O tempo passou
E o mundo não mudou,
Não melhorou.
Heráclito dizia serem as mudanças a essência das coisas, como a corrente
de um rio no qual não se pode entrar duas vezes. Como aquele rio, a vida
é cambiante e deverá ser por nossa vontade, não pela alheia. A essência
da evolução é o movimento. O homem, entidade ímpar nesta parte da
Criação, poderá realizá-la, conscientemente, em sua natureza
mental e psicológica.
A liberação da escravidão mental é o desafio do futuro, que se inicia
com o reconhecimento axiomático atribuído a Sócrates por Platão: tudo o
que sei é que nada sei. O reconhecimento da própria ignorância é um
princípio de sabedoria; da mesma forma que a necessidade de mudanças na
maneira de ser, pensar e agir. Tudo no Universo está em permanente
movimento e mudança. O homem deve espelhar-se neste exemplo divino e
movimentar-se, procurando mudar para melhor, de forma que sua vida não
se restrinja à rotina absurda dos dias e anos, que acabam por envolver a
vida num marasmo tedioso, inútil e sem esperanças. Fugir da ruidosa e
enganosa luminosidade de um mundo de aparências, e procurar viver um
pouco mais no interior do próprio mundo psicológico, estabelecendo um
equilíbrio entre a vida profissional, a social, a familiar e a interior,
possibilita o contato gradual com este outro mundo, paradoxalmente
distante e próximo do homem; uma tarefa de resultados altamente
compensadores.
Como bem escreveu certa vez González Pecotche, “ a vida do homem na
Terra é de incalculável valor para a existência que o anima. “
Há meio século, completei 21 anos.
A maioridade custou a chegar.

Nagib Anderáos Neto
6 de Setembro de 2019