Ana Beatriz e José Joaquim

Ana Beatriz e José Joaquim

 

 

A jovem nos atendia alegremente no restaurante. Por algum motivo, falamos da família, e ela disse ter três filhos; o menor com um ano. Amanhã vou levá-lo para São Paulo fazer hemodiálise. O que ele tem? Um rim não funciona, de nascença, vou quatro vezes por mês. Preciso trabalhar para pagar estas viagens, disse sorrindo, e tenho mais dois maiorzinhos, uma menina e outro menino.

O pequeno, José Joaquim, o doutor disse que não vive muito, não passa dos três anos.

Lembrei-me de meus três pequenos, eu um menino crescido, como ela, meus vinte e poucos anos, as preocupações. Senti um aperto no coração, e com a voz embargada perguntei: qual é seu nome? Ana Beatriz. Precisa de alguma ajuda, menina? Sim doutor, suas orações.

Fechei meus olhos e logo veio à recordação um poema que falava de minhas orações.

 

A melhor hora de meu dia
É quando escrevo uma poesia.
Sinto alegria, emoção,
Me enlevo,
Me elevo,
Outra voz fala dentro de mim.
Pulsa-me mais forte o coração.
Sinto além da vida
A existência.
A poesia é minha  forma de oração.

 

E assim pedi às forças Universais que velassem por José Joaquim e sua mãe.

Eles jamais seriam abandonados, pois  traziam dentro de si a magia de Deus, o amor, que tudo interpenetra e sustenta.

 

Nagib

29/01/2023