Giordano Bruno – o pensador italiano, que foi queimado vivo na Idade Média por ter defendido a ideia da infinitude do Universo e sua transformação contínua – é um exemplo eloquente do obscurantismo e intolerância daquela época, quando todos deveriam prestar aceitação cega às “verdades” estabelecidas.
Algum tempo depois, Galileo Galilei (1564 – 1642) teve de abjurar, para não ter o trágico fim do compatriota. Ele defendia a ideia, absurda para a época, de que a Terra não era o centro do Universo. Embora tendo escapado à morte, conviveu com uma prisão domiciliar até o final de seus dias.
Spinoza, como Sócrates, foi condenado pelo poder político local, por opor-se às ideias dos dirigentes, não cultuar as suas personalidades e nem as divindades do Estado, ao afirmar que a verdadeira salvação consistiria no conhecimento, oposto ao fenomênico e sobrenatural, bases do ateísmo. Para ele, não poderia haver um Deus ou um conhecimento propriedades de algum agrupamento, por que Deus e o conhecimento não são contingentes e nem privilégio de ninguém, por serem imanentes.
Estas páginas trágicas de nossa história servem para uma reflexão sobre a intolerância e suas conseqüências, pois ela continua tão presente como naqueles negros dias medievais.
Dentre os defeitos ou deficiências psicológicas do ser humano, a intolerância é a que mais dificulta a convivência. E essa dificuldade é um grande obstáculo para a evolução humana, que necessitará do concurso inestimável de seu semelhante na jornada de aperfeiçoamento a empreender durante a sua vida; se não sabe conviver, terá a evolução limitada.
A intolerância implica falta de respeito às ideias alheias, inflexibilidade, dureza de juízo.
É difícil aceitar as ideias de outras pessoas. quando não coincidem com as nossas; isto por que fomos educados nessa rigidez comportamental, que nos impede compreender poder existir pontos de vista diferentes dos nossos, e os seus defensores não são nossos inimigos.
A intolerância leva o ser humano a não admitir oposição. O intolerante vê no opositor um inimigo, sem aperceber-se que a oposição pode ser construtiva, pois nos faz pensar, refletir sobre nossos pareceres, e concluir, algumas vezes, que podemos estar errados. Os ditadores não admitem oposição. O opositor deve ser afastado, eliminado; só assim o ditador se sente confortável.
Os que impõem, os impostores, estão aí, como naqueles negros dias medievais; nos governos, empresas, instituições diversas, nas mentes dos seres humanos, pensamentos retrógrados, a nos encarcerar numa rigidez milenar, e têm afastado o ser humano de si e dos semelhantes.
Surpreender essa realidade em si, e trabalhar para eliminar o pensamento, é o único caminho capaz de nos livrar do obscurantismo.
Educar as crianças no sentido da flexibilidade psicológica, desde que ideias antagônicas não firam os princípios básicos da harmônica convivência , significa incutir no educando a tolerância, a qual lhe permitirá respeitar o seu semelhante e ser respeitado.